Sobre canteiros, sementes e flores...Ou apenas, a opinião alheia.
Observo sempre o quanto as pessoas sofrem, se magoam, muitas
vezes se irritam com o que as outras pessoas dizem sobre elas. As opiniões e os
palpites têm o poder de tirar do sério a mais calma das criaturas. Queremos mudar a opinião do outro, provar que não é bem assim, que não somos
assim, que aquela opinião não corresponde com a nossa realidade. Enfim,
enquanto podíamos viver outras histórias, ficamos ali, presos à opinião
alheia, remoendo. Mas vivo um aprendizado que tem salvado os meus dias, tem me
feito muito mais leve e feliz. E pensei
em uma analogia que me parece adequada para transmitir a forma como lido
com as opiniões alheias.
Nossa vida é o nosso jardim, nós somos os responsáveis por
cuidar e por selecionar tudo que ali
será plantando. E temos dois grande
canteiros, os canteiros que irão definir
como será o nosso jardim. Esses canteiros são o nosso mental, e o nosso
emocional. E é aqui que primeiro plantamos as sementes que escolhemos, é aqui
que elas crescem, se fortificam, e faz o
nosso jardim como ele é. Muitas vezes recebemos das pessoas
próximas, várias sementes, que elas
julgam adequadas para o nosso jardim. São ofertas que as pessoas realmente acreditam
que ficarão bem em nosso jardim. Mas como eu cuido do meu jardim, só eu posso
escolher o que ali plantar e cultivar. Não posso impedir que as outras pessoas me ofereçam
sementes. Sementes que, de onde elas olham, parecem boas para o meu jardim. Mas só
eu, que tenho a visão geral desse jardim, posso decidir isso.
É isso, eu sei a minha verdade, e basta. Querer que o outro veja como eu, é perda de tempo. Isso me desgastará, e enquanto perco o meu
tempo explicando porque aquelas sementes não
me servem, o meu jardim está murchando, e essas sementes irão se
fortalecendo, e invadindo meus principais canteiros...
O que devemos fazer então? O que fazemos quando recebemos um presente, mesmo quando ele não é o que
gostaríamos? Recebemos, com alegria, ou no mínimo, com respeito. Agradecemos
por aquela semente. E a guardamos em uma
gaveta de coisas que não nos servem nesse momento. Sim, porque hoje aquela
semente pode não servir agora, mas em algum momento pode nos ser útil. E em
seguida voltamos a cuidar do nosso jardim, sem nos alterar. Sem mudar nossas
emoções e pensamentos.
Há uma frase de Aristóteles que diz
o seguinte: “ É característica de uma mente evoluída ser capaz de considerar um pensamento sem o
aceitar.”
Cuide do seu jardim, cultive apenas aquilo que o fará mais
forte e belo, tenha a sabedoria de identificar quais sementes lhe servem, e o não
maltrate com sementes que não lhe são úteis.